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Na Pegada do Silêncio

" ‘You are a lover of silence’, he said". H. W. L. Poonja

" ‘You are a lover of silence’, he said". H. W. L. Poonja

Na Pegada do Silêncio

27
Jun25

Janela

Sónia Quental

         As janelas não levavam à esperança: simplesmente não castigavam a solidão. Enquanto as orações da manhã e da noite, com récitas diferentes para o anjo de guarda, eram por obrigação, a janela era uma promessa que não me separava de mim. Levava para o infinito. Era onde o anjo da guarda se encostava quando queria saber dele e lhe pedia o serviço dos aflitos. Que as minhas aflições tendiam a ser muitas. Pedia-lhe paciência. Só o tinha a ele.

       Anjo da guarda, minha companhia… Embora fosse muito de reclamar por aquilo a que não me pouparam, fui tendendo a preferir as companhias invisíveis: as que não se veem nem se ouvem nem se sentem e se duvida de que estejam lá. Até que o círculo foi ficando cada vez mais estreito e sobrei apenas eu, a querer desvanecer-me como os anjos, a ouvir as orações dos aflitos. Ainda a gostar do encosto à janela.

 

 

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