22
Mai25
O coração dorme de lado
Sónia Quental
O coração dorme de lado. Desacompanhado. Aos soluços. Disseram-lhe que não se dormia de barriga para cima, mas ele dorme. E para baixo. Não há posição que seja cómoda para um coração amassado, sem direito nem avesso, a rebentar pelas costuras. Experimenta-as a todas. De todas se lamenta. Roça-se nos lençóis como animal obrigado, sem dar fé da pele que se solta.
De lado, em carne viva, por último a paz.