Rainha de Espadas
Desde que aprendi a escrever, vivi em busca da palavra mágica: a que abrisse a porta, desfizesse os nós e desse leveza. A que me transformasse de rainha de Espadas em rainha de Copas, essência recortada de todas as que estão a mais. A palavra exata e restauradora, que perdoasse e me fizesse nova, tão lírica quanto portentosa e quase por estrear.
Enfim vim a saber que o que impregna de magia a palavra é o silêncio, todo neblina, com as suas margens recônditas e sua mansa vertigem. Entre a espada e o cálice, o que muda é o molde. A feição varia: o amor é o mesmo.
Imagem: baralho Morgan-Greer