Unhas
Contemplo com renovado assombro as unhas postiças que as mulheres sacodem no ar. Aprendi com os contos de fadas que, se havia coisa que identificava as bruxas, eram as unhas, embora duvide de que fizessem despesa com manutenção. Nunca descobri porque alguém havia de querer ser bruxa de propósito.
Sei que o timbre da alma é nas mãos que se vê. Tão distraídas andam todas com os floreados das unhas e os hidratantes na mala que se esquecem do que levam no côncavo – do rasto que os gestos deixam no ar.
Fotografia: 2018 © Francisco Amaral – Todos os direitos reservados